02 julho 2007

Já cheguei a pensar que o amor fosse o remédio para todos os males. Ledo engano, o amor não pode ser considerado um remédio, já que o amor não pode servir para curar alguma coisa, que não um coração machucado. O amor não deve ser prescrito, como um médico faz para solucionar uma doença.
Não, o amor não é um remédio. O amor é um vírus. Um vírus que nos ataca de tempos em tempos e que nos faz ficar um pouco loucos no começo, dependentes no meio e depressivos no final. Essa analogia se faz mais própria, já que o amor é mutante, raramente mantém o mesmo estilo. Quando achamos que nos curamos dele, ele sofre uma mutação e nos ataca de um jeito diferente, novas feições, novos encantos, novas qualidades.
O amor realmente não pode ser considerado um remédio, já que este é uma droga, enquanto o vírus é um ser vivo totalmente dependente, que suga as energias do ser em que se instala. De igual forma age o amor. Quem nunca amou é que não sabe o que é trabalhar um dia inteiro tendo na mente apenas o ser amado. É sentir-se angustiado, nervoso, desesperado ante a mera expectativa de encontrar com seu amor.
Os sintomas são variáveis de pessoa para pessoa, tendo casos relatados de alucinações e sudorese excessiva, podendo ocorrer também insônia e falta de apetite. Os médicos ainda não descobriram um remédio, esse sim uma verdadeira droga, que possa curar o amor, concluindo-se como tratamento mais viável simplesmente deixar-se dominar por esse vírus.
O amor é verdadeiramente um vírus poderoso, difundido mundialmente há milênios. Há relatos antiquíssimos de poetas que narram os feitos que foram realizados por causa do amor em torno do mundo inteiro.
Mas apesar de ser um vírus em constante mutação, dificultando a criação de anticorpos, mesmo assim parece que há pessoas que conseguiram desenvolver suas próprias proteções a esse vírus. Umas nunca amaram, são dotadas de anticorpos especiais muito poderosos que sempre as impediram de amar e parece que nenhuma mutação consegue transpassar essa muralha. Já outras, depois de sucumbir a esse vírus por algumas vezes, decidem tomar algumas preucauções para nunca mais padecerem novamente, às vezes criando-se anticorpos, outras vezes erguendo barreiras físicas na esperança de que o vírus não as invada.
Entretanto é muito mais agradável conviver com aquelas que fazem questão de manter-se constantemente doentes. Essas sim, sentem orgulho de portar esse vírus em si e narram saudosamente dos ataques virais que conseguiram sobreviver. Ah, e como são lindas essas histórias, principalmente aquelas em que, por qualquer ação externa, o vírus fica encapsulado no corpo por décadas, vindo a se manifestar com toda a força acumulada do período que ficou hibernado.
O Ministério da Saúde nunca atentou para os efeitos desse vírus. Então faço eu um comunicado a toda a nação que me ler: Adoeçam do amor!!!