23 outubro 2007

Será que alguém lembrará de mim depois que eu morrer? Assim como César chorou aos pés da estátua de Alexandre na Espanha por ter desperdiçado sua vida sem ainda ter realizado nada com que a humanidade o lembrasse depois, eu me pergunto o que fiz para ser lembrado? Não precisa ser pela humanidade, mas pela pequena parcela dessa humanidade que eu toquei, o que eu fiz para ficar em suas memórias?
Paro para pensar e começo a recordar fatos que marcaram minha vida e dos protagonistas desses fatos. Alguns estão vivos em minha memória, outros, principalmente aqueles com os quais eu perdi contato, não passam de uma visão turva da qual não consigo nem ao menos delinear as feições.
Do mesmo modo que vejo que serei esquecido com facilidade, vejo que esqueci com facilidade. Me impressiona o fato de não conseguir nem ao menos lembrar características de pessoas que outrora me foram tão queridas, mas que o destino nos afastou e agora a memória me trai. Temo por acabar por me esquecer por completo deles, até do ponto em que fui tocado por eles. Quando isso ocorrer, se não já ocorreu com alguém de quem já nem me lembro mais, serei indigno de ter uma amizade.
Pode ser pura vaidade, ou até muita pretensão minha querer ser lembrado, mas sinto que, se não deixar minha marca no mundo será como se eu não tivesse passado por ele. O mundo é grande demais para uma única pessoa sozinha. O mundo é diferente demais para se impressionar com os atos de uma única pessoa. Mas se eu não conseguir ser inesquecível ao menos para as pessoas que compõem meu mundo, já serei invisível para a próxima geração, quanto mais para a eternidade.

15 outubro 2007

Meu amor, um dia nossas vidas se encontraram e sem saber bem o que fazia me apaixonei por ti. Hoje me encontro seduzido por teu sorriso, me enfeitiçaste de tal modo que sou um escravo dos teus carinhos.
Minha ama, reverencio sua presença pois ela sempre ilumina a sala em que entra. Sou um escravo que não foi conquistado, mas que se deixou dominar por tamanha energia em um olhar.
Minha senhora, não zombes desse seu servo que usa como um objeto, meu único desejo é satisfazer aos seus anseios. Minha liberdade, minha vida e meu coração estão em suas mãos, por isso lhe prego, não os trate com descaso.
Minha deusa, como posso amar-la? Um mero mortal não pode sonhar em amar uma divindade, seria um amor secreto, impossível, perigoso. Mas como já disse outrora, sou seu escravo, um mero servo na expectativa de que seu destino seja decidido por sua senhora, que desdenha a minha existência. Não tem problema, eu não preciso existir, sou irrelevante, somente os deuses podem dizer que existe. E a mim, cabe apenas adorá-la, como minha deusa, senhora e ama.