30 agosto 2007

Um dia espero poder analisar meu passado e poder rir dos meus erros e rememorar meus acertos. Passamos a vida tentando não errar e nos penalizando por nossos erros. Mas nossos erros são a essência do que somos, nossos erros nos moldam mais que nossos acertos, eles nos fazem parar, nos fazem mudar nossos planos, nos fazem mudar nossa vida.


Raros acertos marcam nossa história. Até grandes conquistas viram pequenos feitos depois que nosso olhar já está mais elevado. Quando o acerto é diário ele passa a fazer parte da nossa rotina e até se torna uma obrigação, não nos sendo permitida uma margem de erro.


Do mesmo modo ocorre com o coração. Passamos nossas vidas por vários momentos nos quais erramos por ter feito muito ou por não ter feito nada. Outras vezes, por ter acertado tanto, não nos permitimos ver os erros que cometemos e aceitar que o outro também erra. E esses erros cicatrizam em nosso coração fazendo-o lembrar de tudo que já viveu, com todo o medo e o aprendizado de uma experiência.


O coração nunca se recupera das cicatrizes qe lhe são impostas e vive traumas por ser todo retalhado. Às vezes, de tão deformado, nem contém mais as suas feições originais e, por mais que se tente maquiá-lo, ele nnca mais voltará a ser como era antes.


Nessas horas o que se precisa é de uma boa enfermeira, que nos aplaque as dores, nos fazendo cicatrizar logo as feridas, que nos mantenha medicado e que tire dos olhos do nosso coração todos os espelhos que lhe fazem lembrar os golpes que foram desferidos a si.

14 agosto 2007

Os amores em nossas vidas são como matrioscas (aquelas bonequinhas russas onde cada uma contém uma boneca menor dentro de si) de modo que passamos a vida amando, querendo apenas saber se o amor presente é aquela bonequinha preciosa que está guardada no meio.
Cada boneca conta uma história, cada boneca ensina algo e a cada momento estamos mais refinados, mais desenvolvidos e ao mesmo tempo menores, mais insignificantes ante à consciência de que o amor não se encontra em nossas mãos, que nós não somos tão grandes nem tão independentes quanto imaginávamos.
A cada amor que experimentamos na vida, uma boneca é adicionada ao conjunto. De tal modo que, quando chegarmos à última boneca, uma verdadeira obra de arte será revelada. Entretanto, não é sempre que não notamos que já chegamos à última boneca e, com um olhar desinteressado, deixamos de lado a matriosca por achá-la sem graça. Mas a última boneca ficará lá, sozinha, na proteção de suas iguais, esperando que a curiosidade retorne e que, finalmente, lhe seja dada a devida admiração.
A matriosca é interessante pois, conforme avançamos nas bonecas descobrimos que há várias pessoas que nos envolvem, que estão ali nos protegendo. Isso fica de tal forma interessante que nem notamos isso, ficamos como bebês no útero materno, achando que sempre foi daquele jeito e que sempre será assim.
Mas haverá aquela pessoa que nos retirará desse aconchego, nos levando para a luz do mundo, nos fazendo experimentar a vida.
E essa pessoa que me descobrirá no final de sua matriosca, me revelará pequeno porém precioso.