31 outubro 2006

Estou um romântico sem musa, um amante sem suspiros, um paladino sem causa. Às vezes acho que não poderei mais amar, que já tive minha quota nessa vida, até que meu coração me surpreende, arrebatando meus pensamentos e meus olhares. Mas em momentos como esse, em que minha musa desaparece, sinto um vazio, sinto que não sou eu, que me transformo em um ser que não me agrada, um ser cético, cínico e hipócrita.
O romântico precisa de sua musa para poder guiar-se, sua musa é a fonte de seus atos, é a inspiração do seu dia. Da mesma forma que o amante sem seus suspiros, é um ser sem poesia, sem arte, sem amor, um paladino sem causa não passa de um nômade errante sem destino ou objetivo, um andarilho perdido no mundo, um ser em suspensão à espera de algo que o faça retornar à sua realidade.
Sem essa "causa", o paladino fica mais vulnerável à corrupção do meio que o cerca e o tenta, não sendo difícil a sua queda, a perda da sua pureza ideológica e da sua firmeza moral. É nesse momento em que o paladino deve decidir em continuar seguindo sua trilha, ou se abdica de alguns pontos de sua ideologia para seguir um novo caminho diverso dos seus posicionamentos anteriores, uma trilha antes considerada impura e corrupta.
Eu quero uma musa, um suspiro ou uma causa.

20 outubro 2006

Quero sempre poder compreender que coisas levam as pessoas a adotar um comportamento em vez de outro. Não porque mudarei meu agir ou o meu pensar, nem porque poderei me previnir de ataques ou de ações injustas.
Mas somente por um espírito invencível que eu chamo de curiosidade.
Na sua forma mais pura.

09 outubro 2006

Te lembras do nosso primeiro encontro? Um dia em que chegaste toda reservada, tímida, mas depois mostraste a tua verdadeira personalidade, essa menina meiga, carinhosa, inteligente e descontraída.
Mas, apesar de tudo, não podia gostar de ti, minha mente recusava tal possibilidade, como Werther eu sofri, mas não por um impedimento teu, mas por um meu. Livrei-me das minhas amarras, mas foste tu quem levantou um muro entre nós, pacientemente esperei, e na minha espera consegui cavar um fosso que mantinha-me num angustiante isolamento. Esse cerco que eu mesmo me fiz impediu-te de aproximar-se.
Mas, mesmo que eu aterre esse fosso que nos divide, será que serei o paladino de armadura brilhante que te escoltará pelas perigosas estradas que a vida nos conduz? Será que aceitarás meu escudo e minha espada para proteger-te? Ou serei eu derrotado pelo pior de todos os dragões que já enfrentei (o dragão da rejeição)?

05 outubro 2006

Não importa se são palavras novas ou se são meros clichês, o que precisamos é de palavras que despenquem em nossos corações, fazendo-nos conhecer, ou relembrar, o que é o amor. Normalmente as músicas narram de romances e amores muito poetizados, coisas quase surreais em um mundo que prega o prazer a todo momento e a multiplicidade de amores e paixões, mas os amores modernos não são os mesmos que os cantados no século XIX, não, naquela época primeiro se conhecia bem a personalidade e as idéias da pessoa antes do romance, hoje já se conhece primeiro o físico para depois perguntar o nome, e com sorte, possa até se apaixonar.

Mas será o amor tão importante assim? As pessoas normalmente não amam, enganam-se amar, preferem crer que estão apaixonadas a acreditar que não conseguiriam cativar um espírito humano. O amor é um vício, mas não se engane achando que me refiro ao vício assim definido por Aristóteles, que tornaria o amor como uma coisa a ser expurgada, não, prefiro o conceito de vício de Santo Agostinho, que define vício todo hábito que você não consegue controlar. Dessa forma, o amor pertuba, o amor corrói, o amor constrói um sentimento que marca. Quem já amou sabe do que eu falo, essa marca te acompanha pela vida inteira, te serve de base com a qual compararás todos os outros relacionamentos na esperança de que, algum dia, ele possa ser superado. Mas isso é difícil, porque, com o tempo, passamos a não acreditar mais no amor, passamos a achar que o Homem está por demais corrompido, passamos a nos ver corrompidos demais para amar, quando na verdade nós realmente não queremos mais amar, nós nos conformamos com o que já tivemos e já aceitamos que não mais amaremos, crendo na lenda de que só existe uma alma gêmea e que essa já nos foi desperdiçada.

O que precisamos é de palavras que despenquem em nossos corações, fazendo-nos conhecer, ou relembrar, o que é o amor, não importando se são construções novas ou meros clichês.