28 fevereiro 2007

A perda de um amor é sempre sofrida. Por mais que findo já fosse, um término nos trás um peso que incomoda. Seria um insensível se assim não me sentisse, mas seria tão bom se eu já previsse e, por conseguinte, já estivesse um passo a frente rumo à aceitação desse meu novo status. Mas não! Apesar de não estar bem, ainda cria que o amor nos faria superar, cria que voltaríamos a ser felizes como outrora fomos. Coração burro, não acredito que ainda não aprendeste a amar.
Sinto-me um idiota por não ter percebido que não era mais desejado, essa ilusão que criei me traz agora uma imagem de ingenuidade. Sim!!! Fui ingênuo ao acreditar, fui ingênuo ao confiar. Esqueci-me dos conselhos de que devemos refinar melhor as pessoas em quem nos confiamos. Mas, o que posso dizer? Sou um romântico. Quero encontrar quem me ame, quem me faça feliz. Essa pessoa existe? Ou terei de conformar-me com uma qualquer que me apareça e não me machuque?
Mas temo de que, quando encontrar minha princesa, saberei reconhecê-la? Saberei cuidar bem dela? Ou perdê-la-ei no medo de ser ferido de novo? Será que insensibilidade da vida adulta já aflige minha juventude apaixonada?
Como eu quero que as coisas sejam mais simples. Estou cansado, não tenho mais forças, nem físicas, nem psicológicas de lançar-me a uma conquista. Queria que minha princesa se manifestasse, viesse, como uma boticária, com poções que pudessem curar esse meu coração já embrutecido pelo excesso de cicatrizes que lhe marcam.

13 fevereiro 2007

É impressão minha ou as pessoas estão se enjoando? Observo meus amigos e vejo a facilidade com que eles enjoam uns dos outros. Há uns que vocês vê uma vez por ano, e isso parece que lhes é suficiente, não prentendem nunca estreitar mais do que isso esses laços de muitos anos. Outros parecem ocasionalmente, fazem parte da sua vida por alguns meses e depois desaparecem como se nenhuma falta fizesse, como se vocês não fossem ligados.

Mas o pior caso estão nos casais. Esse instituto criado pela sociedade está cada dia mais decadente. As pessoas não conseguem mais ficar casadas, não conseguem mais nem manter um namoro. É impressionante a capacidade com que a sociedade adotou a ojeriza ao seu próximo. Seja através do caminho profissional que muda, ou dos próprios interesses mas, a minha geração sente uma necessidade inexplicável pelo novo. Não se contenta em aprofundar o que já conhece, tem uma sede em encontrar, ampliar, porém o verbo aprofundar não faz parte disso.

Entretanto, apesar de querer explorar, minha geração encontra-se presa a modelos tradicionais de vida. Quer casar, quer acomodar-se, quer segurança. Puro engano!!! É só chegar a esse patamar que a rotina bate e a ânsia por novidade é maior que a tradição. Uns acham que é preciso casar, ampliar o leque de amigos ou mesmo ser promovido no trabalho pra poder superar isso. Mas no máximo retarda o que parece inevitável pra minha geração: a mudança constante. Depois disso, muitos divorciam-se ou traem, isolam-se ou deprimem-se.

Somos seres em movimento, uma geração de energia que não agüenta a paz do cotidiano. Ou será que sou apenas eu que, parado no meu canto, vejo todos moverem-se tão rápido que me parece uma revolução na forma de convívio? Ou talvez seja eu que esteja conhecendo cada dia melhor a natureza humana e começo a ficar cínico em relação às tradições que tanto aprecio, ao romantismo que tanto me guiou, à vida que sempre almejei.

07 fevereiro 2007

Até onde nós namoramos por medo de ficar sozinhos? Inúmeras vezes um namoro parece que nos será o último, não sei se somos nós, ou se foi a outra pessoa que nos fez sentir tão feios e repulsivos que passamos a crer que não há no mundo quem possa nos querer. E com isso nos fechamos. Nos tornamos seres depressivos, sombrios que, às vezes, tentam enganar as pessoas com uma falsa jovialidade que não passa de uma fachada ante à podridão que se encontra alguns centímetros abaixo do rosto.

Mas o desejo continua, a vontade de amar e ser amado começa a falar mais alto. Entretanto, se não repararmos a mente frágil, essa fachada ruirá em carência. Sentimento vil que nos faz reféns de seres aproveitadores que sempre existiram e sempre existirão. E quando a nossa carência falar mais alto que o nosso coração, quem responderá pelos danos causados a ele depois? Pois esses danos virão, e virão com mais violência e maior poder destrutivo se a solidão foi criada através da rotina do casal que não se separou. Nesse caso, sentimo-nos imundos, uns calhordas, seres indignos de pena e de um consolo.

Por mais que demore, o tempo passa. As feridas que nos fazemos nunca sumirá, pode até cicatrizar, mas será uma cicatriz que nos incomodará a cada momento que sua origem começar a repetir-se, as cenas voltarão à mente, as dores voltarão ao peito. E nesse instante, nos postamos diante de uma encruzilhada: agir de modo a evitar ganhar uma nova cicatriz; ou nos tornaremos cinicos de uma vez, sem nos importar mais com o que nosso coração suplica.