14 fevereiro 2011

Meu amor, pensei em várias formas para poder te dizer que eu te amo.

Pensei em mandar flores com um cartão com frases escritas por mim, ou daqueles de frases feitas que eu sei que não gostas, principalmente se só vierem acompanhadas da minha assinatura. Mas aí eu lembro que as flores tem data de validade, algumas semanas com alguma sorte, e o meu amor por ti dura mais que isso.

Pensei em te comprar algo, pedir que entregassem a ti com todo o meu carinho e devoção. Mas aí teríamos dois problemas: 1º - Eu sei que preferes comprar algo a ganhar algo, passear entre as lojas parisienses procurando algo legal alegraria teus tristes dias de solidão; e 2º - Qualquer coisa que eu te comprasse, com alguma sorte, duraria alguns anos, e o meu amor por ti dura mais que isso.

Pensei então em te ligar, apenas para te dizer isso. Mas aí eu lembro que eu faço isso todo dia e podes achar que eu digo isso como uma rotina qualquer, algo que o tempo consumiria rapidamente com o tédio, e o meu amor por ti dura mais que isso.

Pensei então em pegar a melodia de outra pessoa, em pegar uma bela e romântica música que pudesse expressar o que eu sinto por ti quando as minhas próprias palavras faltam. Mas aí eu lembro que não seria o único a fazer isso, que tantos outros milhares de casais também teriam adotado aquela mesma música, aquela letra que deveria significar essa coisa ímpar entre nós, e esses mesmos milhares se separariam em dias, semanas ou mesmo alguns anos depois e só de pensar em comparar o que sentimos com o que essas milhares de pessoas sentiram me sinto mal, porque o meu amor por ti dura mais que isso.

E aqui, pensando sobre isso, não consegui pensar em nada que pudesse te transmitir o meu amor, a minha devoção, a minha sinceridade, a minha promessa de carinho, respeito, fidelidade e proteção.

Assim, não consigo pensar em outra alternativa senão a de te pedir um voto de confiança. Confiança de que, apesar de todos os problemas que pudermos passar, apesar de todas as vezes em que eu for o problema, que apesar de todos os obstáculos que podemos ter ainda em nossas vidas, eu te amo, de que tenho a sorte de estar prestes a me casar com a mulher da minha vida, com a mulher que eu sei que não medirá esforços pelo meu bem estar e pela minha felicidade, com a mulher que acelera meu coração a cada ligação, com a mesma mulher que eu falo todo dia e que todo dia eu sinto falta de escutar a voz.

Por tudo isso é que eu ainda digo que meu amor por ti dura mais que essas poucas palavras.

08 novembro 2009

Toda mulher merece ser amada do jeito que eu te amo.
Toda mulher merece ser desejada do jeito que eu te olho.
Toda mulher deveria ter sempre alguém que lhe acariciasse os cabelos, esse membro do corpo tão valorizado por elas.
Toda mulher deveria ter sempre alguém que lhe fizesse um carinho não pedido, tampouco esperado, mas nem por isso ignorado.
Faz parte da natureza humana e, consequentemente a feminina, essa necessidade de um contato, um afago, um beijo, um cheiro.
Um dos piores castigos impostos ao cidadão na antiguidade era o exílio. Hoje em dia o exílio continua, mas de uma forma diferente, as pessoas se exilam em si, não se permitem ser tocadas, beijadas, amadas, deprimem-se pela falta, ou pela ausência prolongada de um amor, mas não conseguem perceber que essa tristeza não é por causa do outro que não está ali, mas da própria pessoa que não está presente pra si.
Mas quando isso ocorre com uma mulher, é quase um pecado, pois a mulher não pode ser abandonada, ou mesmo esquecida, é uma Vênus na terra destinada a embelezar a vida do homem, e ela o faz dos modos mais simples, seja com um sorriso, um andar, ou mesmo aquele trejeito infantil de pedir um carinho.
Enfim, toda mulher merece ser amada, admirada, idolatrada, acarinhada, endeusada, do mesmo modo que tu és.

27 outubro 2008

Relacionamento não é uma coisa fácil. No início tudo são flores, mas com o tempo as agressões começam a acontecer, às vezes são verbais, há ainda as agressões verbais que de tão ofensivas, chegam a doer fisicamente, mas às vezes essas agressões são físicas de fato.
Como alguém consegue manter-se em um relacionamento com um "parceiro" que lhe agride? Como essa pessoa consegue dormir à noite na incerteza sobre sua própria integridade física?
Acredito que, algumas pessoas, assim como eu, veem o término de um relacionamento como um fracasso pessoal, é algo em que você investiu tempo e até mesmo se investiu em uma pessoa, mas que não deu certo. É a verdadeira falência de uma empreitada, mas até onde podemos fechar os olhos para uma coisa que já acabou? Até onde podemos carregar esse cadáver conosco?
Até onde nos limitamos pelo outro? Até onde nos submetemos à vontade do outro? Tudo bem que há relacionamentos que não são tão simples, pois envolvem filhos, dependência econômica, mas pra tudo dá-se um jeito, sempre haverá alguém disposto a nos acolher, a nos dar o carinho a que merecemos.
Mas estamos nós dispostos a abdicar do pouco que já temos para buscar esse algo a mais?

24 outubro 2008

É incrível como a gente consegue se habituar a uma pessoa. Quando se entra em uma bom relacionamento, essa pessoa começa a fazer parte da sua vida, você voluntariamente a inclui em suas atividades diárias, essa pessoa chega inclusive a se tornar parte da sua rotina, algo como almoçar juntos, ou telefonar depois de um dia de trabalho apenas para conversar, coisas simples mesmo, todavia, diante da quebra dessa rotina, esses pequenos hábitos tornam-se gigantescos.
Nunca pensei que um dia fosse sentir tanta falta de um abraço, ou de simplesmente olhar nos olhos com a cumplicidade de quem não precisa dizer nada para transmitir um pedido de colo ou o chamado para um beijo.
A solidão nos faz pensar, nos faz refletir, nos faz perder a razão tentando manter a calma. A sensação de abandono mantém-se mesmo na certeza de que a distância durará pouco tempo a saudade invade e não permite que eu me concentre em mais nada.
A despeito disso, o corpo reclama o carinho a que estava habituado e essa carência não é fácil de ser suprida. Não tem amizade, trabalho ou distração que supra o desespero por carinho que o corpo sente da pessoa amada, apenas um par de braços pode me causar arrepios, apenas um colo consegue tranquilizar meu sono, apenas um beijo consegue levantar meu ânimo.
Não tem jeito, ante a distância que nos separa, só posso ficar aqui chorando minhas mágoas, tentando ganhar a luta contra mim mesmo da falta que ela me faz.

23 outubro 2007

Será que alguém lembrará de mim depois que eu morrer? Assim como César chorou aos pés da estátua de Alexandre na Espanha por ter desperdiçado sua vida sem ainda ter realizado nada com que a humanidade o lembrasse depois, eu me pergunto o que fiz para ser lembrado? Não precisa ser pela humanidade, mas pela pequena parcela dessa humanidade que eu toquei, o que eu fiz para ficar em suas memórias?
Paro para pensar e começo a recordar fatos que marcaram minha vida e dos protagonistas desses fatos. Alguns estão vivos em minha memória, outros, principalmente aqueles com os quais eu perdi contato, não passam de uma visão turva da qual não consigo nem ao menos delinear as feições.
Do mesmo modo que vejo que serei esquecido com facilidade, vejo que esqueci com facilidade. Me impressiona o fato de não conseguir nem ao menos lembrar características de pessoas que outrora me foram tão queridas, mas que o destino nos afastou e agora a memória me trai. Temo por acabar por me esquecer por completo deles, até do ponto em que fui tocado por eles. Quando isso ocorrer, se não já ocorreu com alguém de quem já nem me lembro mais, serei indigno de ter uma amizade.
Pode ser pura vaidade, ou até muita pretensão minha querer ser lembrado, mas sinto que, se não deixar minha marca no mundo será como se eu não tivesse passado por ele. O mundo é grande demais para uma única pessoa sozinha. O mundo é diferente demais para se impressionar com os atos de uma única pessoa. Mas se eu não conseguir ser inesquecível ao menos para as pessoas que compõem meu mundo, já serei invisível para a próxima geração, quanto mais para a eternidade.

15 outubro 2007

Meu amor, um dia nossas vidas se encontraram e sem saber bem o que fazia me apaixonei por ti. Hoje me encontro seduzido por teu sorriso, me enfeitiçaste de tal modo que sou um escravo dos teus carinhos.
Minha ama, reverencio sua presença pois ela sempre ilumina a sala em que entra. Sou um escravo que não foi conquistado, mas que se deixou dominar por tamanha energia em um olhar.
Minha senhora, não zombes desse seu servo que usa como um objeto, meu único desejo é satisfazer aos seus anseios. Minha liberdade, minha vida e meu coração estão em suas mãos, por isso lhe prego, não os trate com descaso.
Minha deusa, como posso amar-la? Um mero mortal não pode sonhar em amar uma divindade, seria um amor secreto, impossível, perigoso. Mas como já disse outrora, sou seu escravo, um mero servo na expectativa de que seu destino seja decidido por sua senhora, que desdenha a minha existência. Não tem problema, eu não preciso existir, sou irrelevante, somente os deuses podem dizer que existe. E a mim, cabe apenas adorá-la, como minha deusa, senhora e ama.

28 setembro 2007


Palavras em cima de palavras temperadas com mais palavras. E tudo isso pra demonstrar o que? Que o preto é o branco e vice-versa? E eu? Como me convencerei disso?


Quantas e quantas vezes defendemos arduamente uma idéia não só para convencer nosso interlocutor, mas para ver se nós mesmo não nos convencemos do que realmente dizemos. E o pior vem quando realmente acreditamos que o preto é branco e o branco é preto. Repetimos coisas na esperança que a exaustão as torne realidade. "Eu te amo". "Nunca te abandonarei". "Eu não tenho ciúmes". "Tu és o amor da minha vida".


Por mais ardoroso e cativante que seja um discurso, se o orador não sentir realmente suas palavras seus interlocutores sempre acharão que algo estará faltando e o discurso nunca terá uma penetração na mente das pessoas e somente os mais atentos perceberão que ele é falso.


De nada adianta falar, temos de sentir e fazer com que o sentimento nos invada e nos guie. As pessoas estão muito racionais, muito temerosas. Sejamos nós e apenas nós poderemos nos reprovar e nos envergonhar, nunca os outros, pois eles não sabem quem somos.

30 agosto 2007

Um dia espero poder analisar meu passado e poder rir dos meus erros e rememorar meus acertos. Passamos a vida tentando não errar e nos penalizando por nossos erros. Mas nossos erros são a essência do que somos, nossos erros nos moldam mais que nossos acertos, eles nos fazem parar, nos fazem mudar nossos planos, nos fazem mudar nossa vida.


Raros acertos marcam nossa história. Até grandes conquistas viram pequenos feitos depois que nosso olhar já está mais elevado. Quando o acerto é diário ele passa a fazer parte da nossa rotina e até se torna uma obrigação, não nos sendo permitida uma margem de erro.


Do mesmo modo ocorre com o coração. Passamos nossas vidas por vários momentos nos quais erramos por ter feito muito ou por não ter feito nada. Outras vezes, por ter acertado tanto, não nos permitimos ver os erros que cometemos e aceitar que o outro também erra. E esses erros cicatrizam em nosso coração fazendo-o lembrar de tudo que já viveu, com todo o medo e o aprendizado de uma experiência.


O coração nunca se recupera das cicatrizes qe lhe são impostas e vive traumas por ser todo retalhado. Às vezes, de tão deformado, nem contém mais as suas feições originais e, por mais que se tente maquiá-lo, ele nnca mais voltará a ser como era antes.


Nessas horas o que se precisa é de uma boa enfermeira, que nos aplaque as dores, nos fazendo cicatrizar logo as feridas, que nos mantenha medicado e que tire dos olhos do nosso coração todos os espelhos que lhe fazem lembrar os golpes que foram desferidos a si.

14 agosto 2007

Os amores em nossas vidas são como matrioscas (aquelas bonequinhas russas onde cada uma contém uma boneca menor dentro de si) de modo que passamos a vida amando, querendo apenas saber se o amor presente é aquela bonequinha preciosa que está guardada no meio.
Cada boneca conta uma história, cada boneca ensina algo e a cada momento estamos mais refinados, mais desenvolvidos e ao mesmo tempo menores, mais insignificantes ante à consciência de que o amor não se encontra em nossas mãos, que nós não somos tão grandes nem tão independentes quanto imaginávamos.
A cada amor que experimentamos na vida, uma boneca é adicionada ao conjunto. De tal modo que, quando chegarmos à última boneca, uma verdadeira obra de arte será revelada. Entretanto, não é sempre que não notamos que já chegamos à última boneca e, com um olhar desinteressado, deixamos de lado a matriosca por achá-la sem graça. Mas a última boneca ficará lá, sozinha, na proteção de suas iguais, esperando que a curiosidade retorne e que, finalmente, lhe seja dada a devida admiração.
A matriosca é interessante pois, conforme avançamos nas bonecas descobrimos que há várias pessoas que nos envolvem, que estão ali nos protegendo. Isso fica de tal forma interessante que nem notamos isso, ficamos como bebês no útero materno, achando que sempre foi daquele jeito e que sempre será assim.
Mas haverá aquela pessoa que nos retirará desse aconchego, nos levando para a luz do mundo, nos fazendo experimentar a vida.
E essa pessoa que me descobrirá no final de sua matriosca, me revelará pequeno porém precioso.

02 julho 2007

Já cheguei a pensar que o amor fosse o remédio para todos os males. Ledo engano, o amor não pode ser considerado um remédio, já que o amor não pode servir para curar alguma coisa, que não um coração machucado. O amor não deve ser prescrito, como um médico faz para solucionar uma doença.
Não, o amor não é um remédio. O amor é um vírus. Um vírus que nos ataca de tempos em tempos e que nos faz ficar um pouco loucos no começo, dependentes no meio e depressivos no final. Essa analogia se faz mais própria, já que o amor é mutante, raramente mantém o mesmo estilo. Quando achamos que nos curamos dele, ele sofre uma mutação e nos ataca de um jeito diferente, novas feições, novos encantos, novas qualidades.
O amor realmente não pode ser considerado um remédio, já que este é uma droga, enquanto o vírus é um ser vivo totalmente dependente, que suga as energias do ser em que se instala. De igual forma age o amor. Quem nunca amou é que não sabe o que é trabalhar um dia inteiro tendo na mente apenas o ser amado. É sentir-se angustiado, nervoso, desesperado ante a mera expectativa de encontrar com seu amor.
Os sintomas são variáveis de pessoa para pessoa, tendo casos relatados de alucinações e sudorese excessiva, podendo ocorrer também insônia e falta de apetite. Os médicos ainda não descobriram um remédio, esse sim uma verdadeira droga, que possa curar o amor, concluindo-se como tratamento mais viável simplesmente deixar-se dominar por esse vírus.
O amor é verdadeiramente um vírus poderoso, difundido mundialmente há milênios. Há relatos antiquíssimos de poetas que narram os feitos que foram realizados por causa do amor em torno do mundo inteiro.
Mas apesar de ser um vírus em constante mutação, dificultando a criação de anticorpos, mesmo assim parece que há pessoas que conseguiram desenvolver suas próprias proteções a esse vírus. Umas nunca amaram, são dotadas de anticorpos especiais muito poderosos que sempre as impediram de amar e parece que nenhuma mutação consegue transpassar essa muralha. Já outras, depois de sucumbir a esse vírus por algumas vezes, decidem tomar algumas preucauções para nunca mais padecerem novamente, às vezes criando-se anticorpos, outras vezes erguendo barreiras físicas na esperança de que o vírus não as invada.
Entretanto é muito mais agradável conviver com aquelas que fazem questão de manter-se constantemente doentes. Essas sim, sentem orgulho de portar esse vírus em si e narram saudosamente dos ataques virais que conseguiram sobreviver. Ah, e como são lindas essas histórias, principalmente aquelas em que, por qualquer ação externa, o vírus fica encapsulado no corpo por décadas, vindo a se manifestar com toda a força acumulada do período que ficou hibernado.
O Ministério da Saúde nunca atentou para os efeitos desse vírus. Então faço eu um comunicado a toda a nação que me ler: Adoeçam do amor!!!

19 junho 2007

O amor só teme uma coisa: limites. O amor tem de ser infinito por essência, podar-lo de qualquer forma é quase um crime, de tal forma que nossa única forma de reparar tamanha ofensa é estendê-lo ad infinitum, pois só assim, o mundo mudará, e nossa amargura esvair-se-á.
O ciúme e o sentimento de posse que dele advém são as primeiras barreiras que encontraremos. Se bem dosado, o ciúme pode até ser um estímulo ao amor, mas, na maioria das vezes o ciúme é desmedido enquanto o amor é servido a parcas porções.
Atravessar essas barreiras não é uma tarefa em nada fácil, tem de haver todo um exercício de reeducação afetiva de nós mesmos. Não precisamos virar poligâmicos para tanto, basta apenas que nosso ciúme não nos leve a impedir os outros de amar, um amor inocente, inofensivo e construtivo, porém, nosso meio nos demonstra que as pessoas tendem a agredir, machucar e ofender a quem lhes confiou, e isso nos cria o ciúmes.
Nossos atos devem servir de exemplo, mostremo-nos dignos de confiança para assim, passar a confiar nos outros e deixar o amor fluir. Se esse passo, que nem de longe é um passo pequeno, for dado, encontraremos outra muralha à nossa frente: a inveja.
A convivência entre duas pessoas já é, per si, uma situação muito conturbada, cheia de problemas diários que têm de ser driblados. Mas às vezes ainda há aquela pessoa que, achando que o casal é o par mais romântico que ela já viu e, por achar que nunca terá aquilo, resolve destruir a cumplicidade dos dois, talvez na ilusão de substituir um deles, ou quem sabe só mesmo para não sentir seu cotovelo doer.
Poucos são os casais que descobrem essa influência malévola a tempo, e acabam por regredir ao início, problemas antigos voltam à tona como se nunca tivessem sido resolvidos, antigas discussões são reiniciadas e o ser invejoso muitas vezes acaba saindo ileso de todo o tiroteio.
Enfim, muitas são os limites que aparecem ao amor, principalmente ao amor de um casal. Diminuamos nossas barreiras, estendamos nossa compreensão às pessoas, conciliemos pois, como diria Belchior: "amar e mudar as coisas, me interessa mais".

11 junho 2007

Às vezes queria ter o dia inteiro só para poder acariciar tua nuca em meu peito, pra poder sentir tuas mãos pousadas em minha pele e simplesmente te ver. Tu tens uma jeito único de atrair meu olhar, qualquer amargura do dia esvai-se no teu sorriso ao me ver. Ah, o teu sorriso! Como uma pessoa consegue, com tão delicado gesto, ser o centro de tantos olhares?
É desumano a crueldade que tens ao me dizer que passarás uma semana longe de mim. Como ousas!? Como poderei suportar tua ausência, logo agora que preciso tanto do teu abraço? Mas vá! Afasta-te de mim! Dizes mais uma vez que não me queres ver por essa eternidade de sete dias. Tentarei manter a mente afastada de ti. Exaurirei todas as forças durante o dia na esperança de, ao desmaiar de sono, não ser assombrado por sonhos que me lembrarão da falta que tu me fazes.
Não, não chores por mim. Vá! Afasta-te de mim! Abandona-me! Sabes bem que estarei aqui, a esperar-te, e sei bem que é por isso que vais. Vais porque sabes que eu estarei aqui, ansioso por teu retorno. Sabes que não te abandonarei, pois já me "domesticaste", já sabes que sou teu servo, fiel somente a ti, somente a ti sou obediente e leal.
Mas, ao voltares, note em mim a falta que fizeste. Note a amargura da semana que passei sem ti. Reconheça o sono perdido por te ter tão longe. Não renegue a lealdade que a ti é dedicada. Por mais coisas que tenhas visto, por mais gente que tenhas conhecido. Fui eu, quem mais quis te ver. Fui eu quem mais quis te conhecer melhor.
E então? Quando voltas?

30 maio 2007

Queria tocar teu rosto, sentir o perfume do teu pescoço, saborear os teus lábios, apreciar a tela dos teus olhos e ouvir a serenidade das tuas palavras. Mas infelizmente, estou aqui, ocupado, sem tempo para ver-te, sonhando acordado querendo apenas acordar e poder te ver ao meu lado.
Mas apenas posso sonhar, demoraremos a nos ver, tardará até que eu possa te sentir, minha memória não é tão boa, às vezes falha e sinto a necessidade de estar sempre te olhando, para não esquecer nenhum detalhe em meus sonhos.
Que belo rosto tens! Como é delicado. É uma verdadeira escultura feita pelos deuses que vêm a gerações trabalhando em tua família para sair em ti, sua obra-prima. Tanta perfeição confia a mim um sorriso. Que privilegiado sou! Recebi um presente dos deuses para cuidar, mas também recai em mim tamanha responsabilidade, já que tenho em mãos uma obra divina, que terei de manter e preservar, a quem não posso machucar.
Mas tamanha beleza e delicadeza me são tão caros, e juntos fazem meu maior tesouro. Não preciso de mais nada no mundo. Como uma sereia me enfeitiçaste e eu, como teu marinheiro enfeitiçado, chocaria meu barco contra as rochas só na esperança de poder chegar aos teus braços.

23 maio 2007


Não te acanhes em chamar por mim, sabes que eu virei sempre que me chamares, tudo o mais é irrelevante, só tu, e apenas tu me importa. Nessa nossa vida em que temos de conviver com os mais diferentes tipos de pessoas e problemas eu só preciso saber que te terei pra poder aliviar minha mente, pra me tirar da tensão, pra me fazer lembrar de quem eu sou e o que eu quero.
Na verdade não és tu quem me chamas, mas eu que clamo por ti. Não imaginas como meu coração fica leve quando queres me ver. Não tens idéia de como é bom ver teu sorriso, de sentir teu abraço. Em minhas febres nunca tive remédio melhor que teu colo, que também sempre foi o maior estímulo que eu tinha para continuar doente.
Tu, meu anjo, não sabes do bem que me fazes, mesmo porque, eu tento não deixar transparecer. Besteira minha, eu sei, mas temo que perca o interesse por mim se eu for totalmente sincero. Mas esse mistério que faço não me agrada, quero gritar, te abraçar, te beijar e te fazer saber o quanto me fazes bem.
Durmo todo dia na lembrança do beijo ganho e acordo querendo mais e mais, dizendo que é só meu o teu amor e o teu beijo. Teu abraço de uma delicadeza singular, tem o dom de afastar minha mente do mundo, de me fazer concentrar só em ti. Como és egoísta!
Mas cá estou, imerso em lembranças, na esperança que não tardem a tornar a ser realidade, à espera do teu telefonema, dizendo que quer me ver, que não pode viver sem mim, que quer me abraçar, me beijar, me revelar um segredo, enfim, que me quer junto a ti. E eu, discreta e misteriosamente, vou para atender aos teus anseios, sem revelar, no entanto, que são meus anseios também, que é minha vontade de te ver, de te abraçar, de te beijar, de não viver sem ti.

16 maio 2007

A sinceridade é a base de qualquer relacionamento saudável. Mesmo que essa sinceridade não seja total, em alguns pontos a cumplicidade entre as pessoas tem de ser vital.
Nós, como seres sociais que somos, sentimos uma necessidade visceral de sermos próximos, de ter com quem compartilhar nossos fardos de poder achar quem seja nosso par, ou quem nos admire e, por que não, nos idolatre.
Isso nos faz criar vínculos, aproximar-nos das pessoas, baixar a defesa pessoal que erguemos para nos proteger da vilania da sociedade como um todo. Mas mesmo assim, nós não abominamos a sociedade, só criamos a nossa pequena sociedade. Uma sociedade em menor proporção que a que vivemos, uma sociedade que podemos controlar, um sociedade que podemos escolher. Nossos amigos somos nós que escolhemos, nós não nos relacionamos com qualquer um, escolhemos aqueles que nos fazem sentir parte de um grupo, e o pior é que queremos fazer parte de um grupo, queremos ser aceitos.
E então, quando sentimos confiança o suficiente nessa pequena sociedade, é quando contamos nossos segredos mais obscuros, sem medo de repreensões, ou de sermos mal interpretados. Mas o problema vem quando essa confiança é testada e é traída. "Ah, maldita hora em que confiei nele"; "bem que me disseram que o único ser digno de confiança era o meu peixinho dourado, ele me escuta com paciência e nunca revelará meus segredos".
Mas o que posso fazer? Meu peixinho não pode me oferecer um ombro pra desabafar, não me aconselhará, nem me ajudará a superar minhas angústias. Apesar de ser arriscado, ainda prefiro acreditar que o ser humano pode ser digno da minha confiança e que, quando eu cair, terão aqueles que estarão ali no chão comigo, pois cairam junto comigo, ou estarão lá, me protegendo para que eu possa reeerguer-me.

03 maio 2007

Tempo, Tempo... Por que és tão cruel comigo? Causei-te alguma injúria? Por que, então, não atende meus apelos? Faça o tempo passar mais rápido, por favor, não me deixe nessa angústia esperando pelo retorno dela, acalente minha mente e deixe-me provar mais uma vez o sonífero que só encontro nos lábios dela, o odor que só há em seus cabelos, o calor que só há em seu colo.
Ah, Tempo, és cruel assim porque nunca amaste, pois se já tivesses amado alguma vez na vida saberias bem o que passo e não me deixaria assim. Tempo, seja meu amigo, não me deixe aqui a encará-lo nesse jogo infantil de quem cederá primeiro, sabes bem que não sou um adversário à tua altura, não te serei nenhum desafio.
Quer saber, não vou mais te dar atenção! Ignorar-te-ei! Ficarás sozinho, vendo as horas passar, farei outra coisa, quem sabe assim tu finalmente atenderá meus apelos e fará com que elas passem mais rápido. Abandonar-te-ei, caro Tempo, fique aí sozinho enquanto me entretenho com amigos, filmes e livros. Eu que fui o único a me dispor a fazer-te companhia e tu a recusaste como que por mero capricho. Se assim queres, assim fique, sozinho, imerso em tua amargura.
Enquanto isso eu, em meio a amigos, ficarei sozinho, imerso na minha amargura, fazendo um último apelo a ti, Tempo, para que faça as horas passarem mais depressa, para que eu volte a vê-la.

17 abril 2007


Estou aqui! Não precisa mais chorar, eu já cheguei. Sabes bem que não gosto de te ver sofrer, então me diga o que aconteceu e vamos resolver tudo.
Não! Não posso ir embora e te deixar assim, essa tua tristeza que chega a sombrear o vento não te pertence. Expulse-a! Não deves ficar assim, e cá estou eu pra te ajudar. Vamos lá, vem, me dá um abraço e conte ao meu ombro o motivo de tanta melancolia. Não tenhas medo dele, ele só deseja aparar tuas lágrimas quentes e servir-te de aconchego em tua necessidade.
Vem, não há nada que não resolvamos juntos. Os problemas são nossos reféns, não o inverso, devemos mantê-los só o suficiente pra deixar a vida interessante. Administremo-os, não deixaremos que eles nos superem em força. A força é nossa! O controle é nosso! Não há problema que nos sobreponha.
Nenhuma tristeza te abalará enquanto eu estiver do teu lado e se, por qualquer força do acaso, eu estiver longe, meu telefone não te é nenhum segredo e a uma palavra tua eu irei para prevalecermos sobre tudo que te aflige.
Nunca te esqueças da nossa força, do meu ombro e do meu número.

10 abril 2007

Coração, Coração... acalme-se. Não sejas tão afoito. Coração afobado, não podes ter paciência para o que virá? Tenha moderação, desfrute a evolução da conquista, deixe-se conquistar aos poucos, saboreie cada momento que te cativas, sofra de angústia, sinta-se amado.
Ah Coração!!! Siga meus conselhos, não invista em uma carga destrutiva, ganhe terreno aos poucos, faça um trabalho de cerco no objeto desejado. A investida rápida, rapidamente acaba também e muitas vezes sem o resultado esperado. Já o cerco, esse é meticuloso, estuda-se bem o alvo, as forças são medidas, os pontos fracos são descobertos e o resultado do ataque te será conhecido.
Por isso, meu grande amigo Coração, tenha calma, invista em um único alvo, concentre suas forças, palavras e pensamentos a um desejo que valha a pena, não tente abraçar o mundo, não conseguirás, tente, no entanto, enlaçar um busto, um peito sereno, que o comporte, que o acolha, que o entenda.
Meu nobre Coração, não te preocupes com o espaço que deixas vazio. Ele não tardará a ser ocupado. Agradeço a atenção, mas não te prendas a mim, viva seu amor, pois sei que tu me retribuirá com um grande amor.
E se, por um acaso, tua nova casa não te quiser mais, meu querido Coração, saibas que sempre estarei aqui, de peito aberto, pronto a acolher-te mais uma vez e uma vez mais te aconselharei e te guiarei a conseguir um novo amor, uma nova paixão, uma nova vida.

30 março 2007

De tempos em tempos sentimos uma necessidade de nos isolar. Em alguns momentos a nossa alma grita por silêncio, implora para que possamos passar um tempo a sós, concentrando-nos apenas em nós, ou ainda em nada.
Em momentos assim tudo o que queremos é descansar, é tentar fugir, mesmo que seja num mundo autista que criamos para poder ter paz. Essa paz que nos é negada diariamente por nossos problemas um dia virá a reclamar sua parte na divisão do tempo que fazemos, do mesmo jeito que nossas obrigações nos tomam um bom período, fazendo-nos suprimir todo o resto, a paz uma hora virá e chegará sem negociar nada, nos assaltará exigindo seu justo tributo: um tempo para acalmarmos a mente.
Na maioria das vezes essa invasão nos fará apenas refletir sobre nosso jeito de levar a vida mas, dependendo do modo como a vivemos essa requisição pode ser de tal modo violenta que não nos recuperaremos rápido, precisaremos de amigos que nos amparem, que nos auxiliem a retomar nossa vida e que não deixem que caiamos em uma depressão.
Nosso isolamento é vital! O ser humano, ao mesmo tempo que é um ser social, é um ser único e individualista por natureza. Nós não agüentamos a nós mesmos por muito tempo, mas também não suportamos conviver com os outros o tempo todo.

28 fevereiro 2007

A perda de um amor é sempre sofrida. Por mais que findo já fosse, um término nos trás um peso que incomoda. Seria um insensível se assim não me sentisse, mas seria tão bom se eu já previsse e, por conseguinte, já estivesse um passo a frente rumo à aceitação desse meu novo status. Mas não! Apesar de não estar bem, ainda cria que o amor nos faria superar, cria que voltaríamos a ser felizes como outrora fomos. Coração burro, não acredito que ainda não aprendeste a amar.
Sinto-me um idiota por não ter percebido que não era mais desejado, essa ilusão que criei me traz agora uma imagem de ingenuidade. Sim!!! Fui ingênuo ao acreditar, fui ingênuo ao confiar. Esqueci-me dos conselhos de que devemos refinar melhor as pessoas em quem nos confiamos. Mas, o que posso dizer? Sou um romântico. Quero encontrar quem me ame, quem me faça feliz. Essa pessoa existe? Ou terei de conformar-me com uma qualquer que me apareça e não me machuque?
Mas temo de que, quando encontrar minha princesa, saberei reconhecê-la? Saberei cuidar bem dela? Ou perdê-la-ei no medo de ser ferido de novo? Será que insensibilidade da vida adulta já aflige minha juventude apaixonada?
Como eu quero que as coisas sejam mais simples. Estou cansado, não tenho mais forças, nem físicas, nem psicológicas de lançar-me a uma conquista. Queria que minha princesa se manifestasse, viesse, como uma boticária, com poções que pudessem curar esse meu coração já embrutecido pelo excesso de cicatrizes que lhe marcam.

13 fevereiro 2007

É impressão minha ou as pessoas estão se enjoando? Observo meus amigos e vejo a facilidade com que eles enjoam uns dos outros. Há uns que vocês vê uma vez por ano, e isso parece que lhes é suficiente, não prentendem nunca estreitar mais do que isso esses laços de muitos anos. Outros parecem ocasionalmente, fazem parte da sua vida por alguns meses e depois desaparecem como se nenhuma falta fizesse, como se vocês não fossem ligados.

Mas o pior caso estão nos casais. Esse instituto criado pela sociedade está cada dia mais decadente. As pessoas não conseguem mais ficar casadas, não conseguem mais nem manter um namoro. É impressionante a capacidade com que a sociedade adotou a ojeriza ao seu próximo. Seja através do caminho profissional que muda, ou dos próprios interesses mas, a minha geração sente uma necessidade inexplicável pelo novo. Não se contenta em aprofundar o que já conhece, tem uma sede em encontrar, ampliar, porém o verbo aprofundar não faz parte disso.

Entretanto, apesar de querer explorar, minha geração encontra-se presa a modelos tradicionais de vida. Quer casar, quer acomodar-se, quer segurança. Puro engano!!! É só chegar a esse patamar que a rotina bate e a ânsia por novidade é maior que a tradição. Uns acham que é preciso casar, ampliar o leque de amigos ou mesmo ser promovido no trabalho pra poder superar isso. Mas no máximo retarda o que parece inevitável pra minha geração: a mudança constante. Depois disso, muitos divorciam-se ou traem, isolam-se ou deprimem-se.

Somos seres em movimento, uma geração de energia que não agüenta a paz do cotidiano. Ou será que sou apenas eu que, parado no meu canto, vejo todos moverem-se tão rápido que me parece uma revolução na forma de convívio? Ou talvez seja eu que esteja conhecendo cada dia melhor a natureza humana e começo a ficar cínico em relação às tradições que tanto aprecio, ao romantismo que tanto me guiou, à vida que sempre almejei.

07 fevereiro 2007

Até onde nós namoramos por medo de ficar sozinhos? Inúmeras vezes um namoro parece que nos será o último, não sei se somos nós, ou se foi a outra pessoa que nos fez sentir tão feios e repulsivos que passamos a crer que não há no mundo quem possa nos querer. E com isso nos fechamos. Nos tornamos seres depressivos, sombrios que, às vezes, tentam enganar as pessoas com uma falsa jovialidade que não passa de uma fachada ante à podridão que se encontra alguns centímetros abaixo do rosto.

Mas o desejo continua, a vontade de amar e ser amado começa a falar mais alto. Entretanto, se não repararmos a mente frágil, essa fachada ruirá em carência. Sentimento vil que nos faz reféns de seres aproveitadores que sempre existiram e sempre existirão. E quando a nossa carência falar mais alto que o nosso coração, quem responderá pelos danos causados a ele depois? Pois esses danos virão, e virão com mais violência e maior poder destrutivo se a solidão foi criada através da rotina do casal que não se separou. Nesse caso, sentimo-nos imundos, uns calhordas, seres indignos de pena e de um consolo.

Por mais que demore, o tempo passa. As feridas que nos fazemos nunca sumirá, pode até cicatrizar, mas será uma cicatriz que nos incomodará a cada momento que sua origem começar a repetir-se, as cenas voltarão à mente, as dores voltarão ao peito. E nesse instante, nos postamos diante de uma encruzilhada: agir de modo a evitar ganhar uma nova cicatriz; ou nos tornaremos cinicos de uma vez, sem nos importar mais com o que nosso coração suplica.

31 janeiro 2007

Minha Cordélia!

Dizes que não me tinhas imaginado assim, mas também eu nunca pensei que assim me poderia tornar. Serás, pois, tu quem mudaste? Porque, no fundo, é muito possível não ter sido eu a modificar-me, mas sim os olhos com que me vês; ou terei sido eu? Sim, fui eu, porque te amo, foste tu, porque é a ti que amo. à luz fria e tranqüila da razão, orgulhosa e impassível, eu tudo olhava, nada me causava temor, nada me surpreendia; sim, ainda que o espectro tivesse batido à minha porta, teria agarrado tranqüilamente no archote para abrir. Mas, vês tu, não foram fantasmas a quem abri, seres pálidos e sem força, foi a ti, minha Cordélia, foi à vida, à juventude, à saúde e à beleza, que vinham ao meu encontro. O meu braço treme, não consigo manter o archote imóvel, recuo perante ti sem conseguir impedir-me de em ti fixar os olhos e de desejar manter o archote imóvel. Modifiquei-me, mas por que esta mudança, como se efetuou ela e em que consiste? Ignoro-o, e não conheço termo mais preciso, predicado algm mais rico que aquele que emprego quando, de modo infinitamente enigmático, digo de mim próprio: fui transformado.

Teu Johannes

Diário de um sedutor

Sören Kierkegaard

08 janeiro 2007

Cada situação exige um tipo de comportamento. Temos de ser impecáveis no trabalho, descontraídos nas amizades e respeitosos com desconhecidos. Desse modo, acabamos por criar várias faces de uma mesma pessoa. Apesar da pessoa ser a mesma, de não ser diferente na essência, mudando apenas o seu modo de portar-se, mesmo assim, essa pessoa tem várias faces.
Mas tudo bem, isso já é uma coisa normal hoje em dia, as pessoas mais bem relacionadas são assim, e as que não conseguem fazer isso são facilmente identificadas por ser séria demais e não conseguir descontrair-se, ou por não conseguir dar a situação a austeridade exigida.
Porém no amor, é um senso comum que temos de ser nós mesmos. Mas quem somos nós? Somos aquele ser sério que trabalha? Aquele ser brincalhão que diverte? Ou aquele ser elegante que se apresenta?
O amor exige que nos apresentemos, que sejamos nós, que nos definamos como nós mesmos. Mas como perceber qual é a nossa real personalidade? Quem de mim sou eu? E se eu não for nenhum deles? E se eu for todos eles? E se eu não for nada? Como posso me apresentar como eu sou se nem sei quem sou eu!?
Deveria então escolher a versão de mim que mais agrada meu amor? Entretanto, se essa versão minha revelar-se não ser a real, ela pode trair-se e mudar sem que eu nem perceba. E isso acontece! As pessoas mudam nos relacionamentos sem que as outras percebam, e quando percebem a metamorfose completou-se e então um estranho surge.
Os amantes então só deveriam amar depois de terem a completa ciência de si. Só podem administrar o sentimento alheio quando puderem ter a perfeita consciência do seu sentimento. Não!!! Essa idéia não é o amor. O próprio amor muda a nossa personalidade, muda essas versões de nós que nos criamos, muda nosso paladar, nos muda por completo. Depois de amar somos estranhos até pra nós mesmos, não temos como nos manter os mesmos de antes de experimentar o amor. São duas mentes que tentam fundir-se em uma e nessa tentativa muita coisa adapta-se, muita coisa muda.
E eu... eu mudo com o amor.

03 janeiro 2007

Todo mundo tem uma idéia de como é o seu par ideal. Bonito, alto, romântico, inteligente e divertido. Mas às vezes o ideal está em um pequeno detalhe tal como possuir a habilidade de fazer a pessoa sorrir ou ser fã de Vinícius de Moraes.

Mas isso é iludir-se, isso é buscar alguém que teoricamente, e apenas teoricamente seria perfeito. Mas a perfeição não depende somente daquilo que nós pensamos querer, há algo de inexplicável no nosso querer, algo que nos impele à imperfeição, aos defeitos, há a busca de detalhes que só a ti podem ser revelados, minúcias essas que são escondidas de todos, mas tu e somente tu poderia conhecê-las.

Ah! Quantas e quantas vezes minha perfeição mudou de rosto. Quantas e quantas vezes passei a ir a locais que outrora repudiava, a sair com pessoas que antes me enojavam. Seria isso o amor? Sobrepor nossos próprios conceitos por alguém?

Mas não me importa nada! Não quero mais saber de conceitos predefinidos, de tabulações, de padrões predeterminados de comportamento. Quero esquecer as minhas expectativas anteriores, criarei novas, projeções que estejam de acordo com o meu par ideal, seja ele como for.

26 dezembro 2006

A liberdade é um conceito supervalorizado nos dias de hoje. Muitas vezes se absolotiza o que vem a ser liberdade e que devemos ser livres sempre e de todas as formas mas, às vezes, tudo que eu quero é uma prisão.

Quero que minha cela tenha música ao vivo, mais precisamente, quero que seja uma percussão, uma batida que se repete cerca de oitenta vezes por minuto. Quero ainda que minha cela seja embalada pelo suave movimento da respiração. Também sou muito exigente quanto à temperatura, minha cela tem de ter precisos 36,5ºC.

Nosso anseio por liberdade é tamanho, que muitas vezes não notamos que tudo que queremos é uma cela. Uma cela em que possamos dizer que é nossa, que só a nossa presença lá já possa superlotá-la e que nem por isso torná-la desconfortável.

Meu anseio por liberdade é gigantesco, não aceito ceder na quota que já adquiri e ainda luto por ampliar aquela parcela que ainda não possuo, mas tudo que eu posso querer é uma cela.

19 dezembro 2006

Cativar uma pessoa não é uma tarefa fácil, o que torna mais díficil esse processo é que cada pessoa é totalmente diferente da outra e cada pessoa tem um jeito próprio de se deixar cativar.

Há pessoas que são cativadas com presentes, outras já se deixam cativar pela beleza, mas há aquelas, que se prendem ao coração, ah! essas sim, valem a pena cativar, são pessoas que te querem bem com a mesma paixão com que a raposa gostava do pequeno princípe.

Ter seduzido alguém e tê-la cativado é um fardo que a pessoa tem de carregar, porque quando cativas alguém essa pessoa sente uma necessidade de si, necessidade essa criada pelo sedutor, que em seu processo de conquista, não se prepara para o período pós conquista, abandonando o seduzido.

E ao cativado sobra apenas a dor que o vazio porta. O vazio que o ser cativado deixa com sua saída é melancólico, é depressivo, é cruel, pois como diria a mesma raposa de antes: "quando cativas alguém torna-se eternamente responsável por essa pessoa", sendo um ato completamente vil deixar essa pessoa na abstinência.

Mas, dentre as formas de cativar as pessoas prefiro a do coração, essa sim, é eterna.

13 dezembro 2006

O impulso nos leva a fazer coisas que a razão abomina. Quantas e quantas vezes logo após fazermos algo percebemos que em sã racionalidade não faríamos aquilo.
Os mais perigosos desses atos acontecem quando nos precipitamos com o coração. Nos envolvemos demasiado rápido, nos apaixonamos, mas será que a dor não virá com o tempo? Coração burro!!! Será que ainda não aprendeu que as pessoas não sabem como cuidar de ti?
Mas será que meu coração estúpido ainda consegue confiar? Tantas e tantas vezes ele já apanhou, tantas e tantas vezes ele já se desiludiu. Seria estupidez dele ainda crer que pode acreditar em alguém? Ou será que ele começa a ser burro agora por começar a perder o romantismo que sempre o guiou?
Eu sei que amar sem sofrer não é amar, mas o amor não precisa ser feito só de dor. As vidas podem unir-se para criar um amor puro, perfeito, só de beleza e pureza, deixando esse sofrimento narrado a séculos pelos poetas de lado.
O amor passa, sobretudo, por uma questão de confiança. Uma confiança de que o outro não lhe magoará, de que teus segredos estarão seguros no cofre do outro, que essa pessoa estará ali para te proteger, te consolar, te animar, te incentivar, ou mesmo para fazer-nos abrir os olhos para coisas que não vemos em nossa própria cegueira.
Eu quero um coração burro como o meu.

06 dezembro 2006

Vejo pessoas que conseguem começar namoros em um simples estalar de dedos e fico a me perguntar: Como eles conseguem?

Um namoro exige um conquistar, um desejar, um sentir falta. Como eles conseguem fazer tudo isso em tão pouco tempo?

Não só por isso, um relacionamento demanda atenção, prescinde de um cuidado, da criação da saudade, do encantar. Mas como eles conseguem fazer isso?
Um namoro exige que nos dediquemos, que nos apaixonemos, que nos abdiquemos, que entendamos a angústia do poeta em ter de restringir seu martírio em um grupo de palavras, que nem as palavras dos poetas nos bastem para definir nosso entusiasmo. E fico a me perguntar: Como eles conseguem namorar sem isso?
Até a rotina do namoro é boa, passar todos os dias do mês à espera de uma data, uma data especial, aquele número no calendário em que se comemora o mês de namoro. Mas será que eles conseguem fazer isso?
Só sei que no final eu só me pergunto: Como eles conseguem fazer isso?

21 novembro 2006

Ficar sozinho não deveria ser tão ruim. Tenho mais tempo pra mim, posso dedicar-me a projetos esquecidos, estreito laços de amizades já quase perdidas, mas porque eu me sinto tão só?
Passo os dias fazendo coisas que planejava, mas que sempre adiava, estou quase sempre com algum amigo próximo, mas sempre que eu paro para pensar, me sinto só, sinto como se meus amigos não me fizessem companhia, que são estranhos que só ocupam um lugar ao meu lado, mas que, na verdade, estou abandonado.
Essa solidão aumenta no fim-de-semana, parece que o trabalho ajuda a esquecer, mas o domingo, maldito domingo, me faz pensar em como estou e como sou. Esse ciclo de sete dias me leva a refletir como ajo e como me engano. Mas ainda bem que existe a abençoada segunda-feira, que me fará esquecer de mim, me tomará pelo pulso aos problemas cotidianos fazendo-me esquecer do meu principal problema: a falta de um amor.
Mas a semana é boa comigo, me ilude com possíveis amores e eu mesmo faço com que esses amores me iludam, mas na verdade, o que eu quero realmente, é um amor pro meu fim-de-semana.

07 novembro 2006

Já não me reconheço. Diante das tempestades da paixão, o meu espírito é como um mar enfurecido. Se alguém pudesse surpreender a minha alma em tal situação, julgaria ver uma barca mergulhando a pique, no mar, como se, no seu terrível ímpeto, a sua rota marcasse o fundo do abismo. Não veria que, no cume do mastro, vigia um marinheiro. Forças impacientes, erguei-vos, ponde-vos em movimento; oh!, energias da paixão, ainda que o choque das vossas vagas conseguisse lançar a espuma até as nuvens, mesmo assim não seríeis capaz de vos erguer acima da minha cabeça; mantenho-me tranqüilo como o Rei das Falésias.
Diário de um sedutor
Sören Kierkegaard

31 outubro 2006

Estou um romântico sem musa, um amante sem suspiros, um paladino sem causa. Às vezes acho que não poderei mais amar, que já tive minha quota nessa vida, até que meu coração me surpreende, arrebatando meus pensamentos e meus olhares. Mas em momentos como esse, em que minha musa desaparece, sinto um vazio, sinto que não sou eu, que me transformo em um ser que não me agrada, um ser cético, cínico e hipócrita.
O romântico precisa de sua musa para poder guiar-se, sua musa é a fonte de seus atos, é a inspiração do seu dia. Da mesma forma que o amante sem seus suspiros, é um ser sem poesia, sem arte, sem amor, um paladino sem causa não passa de um nômade errante sem destino ou objetivo, um andarilho perdido no mundo, um ser em suspensão à espera de algo que o faça retornar à sua realidade.
Sem essa "causa", o paladino fica mais vulnerável à corrupção do meio que o cerca e o tenta, não sendo difícil a sua queda, a perda da sua pureza ideológica e da sua firmeza moral. É nesse momento em que o paladino deve decidir em continuar seguindo sua trilha, ou se abdica de alguns pontos de sua ideologia para seguir um novo caminho diverso dos seus posicionamentos anteriores, uma trilha antes considerada impura e corrupta.
Eu quero uma musa, um suspiro ou uma causa.

20 outubro 2006

Quero sempre poder compreender que coisas levam as pessoas a adotar um comportamento em vez de outro. Não porque mudarei meu agir ou o meu pensar, nem porque poderei me previnir de ataques ou de ações injustas.
Mas somente por um espírito invencível que eu chamo de curiosidade.
Na sua forma mais pura.

09 outubro 2006

Te lembras do nosso primeiro encontro? Um dia em que chegaste toda reservada, tímida, mas depois mostraste a tua verdadeira personalidade, essa menina meiga, carinhosa, inteligente e descontraída.
Mas, apesar de tudo, não podia gostar de ti, minha mente recusava tal possibilidade, como Werther eu sofri, mas não por um impedimento teu, mas por um meu. Livrei-me das minhas amarras, mas foste tu quem levantou um muro entre nós, pacientemente esperei, e na minha espera consegui cavar um fosso que mantinha-me num angustiante isolamento. Esse cerco que eu mesmo me fiz impediu-te de aproximar-se.
Mas, mesmo que eu aterre esse fosso que nos divide, será que serei o paladino de armadura brilhante que te escoltará pelas perigosas estradas que a vida nos conduz? Será que aceitarás meu escudo e minha espada para proteger-te? Ou serei eu derrotado pelo pior de todos os dragões que já enfrentei (o dragão da rejeição)?

05 outubro 2006

Não importa se são palavras novas ou se são meros clichês, o que precisamos é de palavras que despenquem em nossos corações, fazendo-nos conhecer, ou relembrar, o que é o amor. Normalmente as músicas narram de romances e amores muito poetizados, coisas quase surreais em um mundo que prega o prazer a todo momento e a multiplicidade de amores e paixões, mas os amores modernos não são os mesmos que os cantados no século XIX, não, naquela época primeiro se conhecia bem a personalidade e as idéias da pessoa antes do romance, hoje já se conhece primeiro o físico para depois perguntar o nome, e com sorte, possa até se apaixonar.

Mas será o amor tão importante assim? As pessoas normalmente não amam, enganam-se amar, preferem crer que estão apaixonadas a acreditar que não conseguiriam cativar um espírito humano. O amor é um vício, mas não se engane achando que me refiro ao vício assim definido por Aristóteles, que tornaria o amor como uma coisa a ser expurgada, não, prefiro o conceito de vício de Santo Agostinho, que define vício todo hábito que você não consegue controlar. Dessa forma, o amor pertuba, o amor corrói, o amor constrói um sentimento que marca. Quem já amou sabe do que eu falo, essa marca te acompanha pela vida inteira, te serve de base com a qual compararás todos os outros relacionamentos na esperança de que, algum dia, ele possa ser superado. Mas isso é difícil, porque, com o tempo, passamos a não acreditar mais no amor, passamos a achar que o Homem está por demais corrompido, passamos a nos ver corrompidos demais para amar, quando na verdade nós realmente não queremos mais amar, nós nos conformamos com o que já tivemos e já aceitamos que não mais amaremos, crendo na lenda de que só existe uma alma gêmea e que essa já nos foi desperdiçada.

O que precisamos é de palavras que despenquem em nossos corações, fazendo-nos conhecer, ou relembrar, o que é o amor, não importando se são construções novas ou meros clichês.

24 setembro 2006

Sei que um dia não mais existirei, por isso devemos nos jogar, por isso devemos ser como o relâmpago e como o vento, sentir-nos vivos a cada arrepio.
Desapareceste? Creio que sim, porque sabias, sabias que eu era eu, não desdenhes aquele que mais te ama. O espírito se enamora, a carne reclama outra carne, é suave experimentá-la mas o amor é um vortex, um redemoinho, talvez por isso ela nunca mais volte.
Sim minha cara, feche os olhos que te levarei pra outro lugar. Apenas moveste um braço e há mais de uma hora te sinto respirar a um centímetro de mim. Verdade!

Ficamos a nos perguntar o porquê, e nos entrelaçando queremos saber mais.Somos de vidro.E sentir-nos livre é apenas um desejo de pele e de carne. Devemos nos organizar, devemos entre tantas promessas e promessas mas escrever já é um desejo pela metade. Escrevo e acontecerá, te beijarei novamente, serás trilhos e locomotiva que me guiarão dentro de ti, serei a caneta que te escreverá na pele tudo que te farei.

17 setembro 2006


Minha cidade, uma cidade única, situada ao norte do Brasil, erguida sobre passado, marcada pelo futuro.
Uma ilha formada por uma porção de gente cercada de beleza por todos os lados, seja por esse crepúsculo divino, seja pela poesia que se encontra em cada esquina, em cada mente, em cada azulejo.
Sou mais um dos apaixonados pela ilha do amor.

08 setembro 2006

Em um relacionamento sempre há aquele que ama e aquele que se deixa amar. Haverá sempre aquele que acha que o seu amor é suficiente para manter uma relação e aquele que ilude o primeiro fazendo-o crer no seu pseudoamor.
Amar é uma tarefa ingrata que precisa ser observada com calma e cuidado. Muitas pessoas enganam-se sobre o amor, nunca amaram, e já desistiram, por achar que ele não existe. Muitos adolecentes confundem sua iniciação na vida amorosa com o amor, desiludem-se por seu parceiro não corresponder às canções dos bardos que foram eternizadas pelos séculos e desistem do amor sem nunca tê-lo provado.
E quando vem uma pessoa que ama e sabe amar, elas não acreditam, preparam-se para serem magoadas, machucadas, feridas, traídas, não conseguem aceitar o amor e o sufocam, fazendo-o agonizar no coração do apaixonado.
E quando esse amor finalmente morre, ninguém sabe explicar o que ocorreu para que um casal tão romântico e apaixonado pudesse ter se separado, mas o que ninguém percebe também, são pequenas coisas, uma falta de atenção, uma idéia não compreendida, um dia mal-humorado, um carinho rejeitado, enfim, qualquer pequena mágoa, se muito repetida pode vir a destroçar esse amor no peito de quem ama.
E se num relacionamento o que ama já apagou a chama que arde sem queimar, então ele não poderá mais durar muito, as pessoas ainda se enganam, recordam-se ao passado, prendem-se aos filhos, mas no fim, a convivência torna-se insuportável. E quando isso se torna um hábito, ocorre em um namoro, em um noivado, ou em um casamento, com um amigo, com um familiar, ou até com um colega de trabalho, essa repetição torna as pessoas cínicas, e passam a não mais acreditar no amor.
Mas eu! Eu acredito em Papai Noel, em coelinho da Páscoa e no amor. Acredito piamente que mesmo com essas desilusões podemos amar, acredito que devemos nos permitir ser amados, acredito que não devemos ser hipócritas com o amor, e utilizá-lo só para uma conquista, para depois não mais senti-lo. Não, o amor deve ser cultivado, deve ser levado a sério, deve ser amado.
Por isso, escolhamos quem queremos ser: aquele que ama, ou aquele que se deixa amar.

05 setembro 2006

Observo que hoje em dia já é um tanto antiquado ser romântico. Não se busca mais o romantismo, o que se quer hoje é uma pessoa que nos dê atenção, que esteja ali para nos escutar, para nos aconselhar e, de vez em quando, para nos acalentar a carência.
O romantismo já está quase sepultado. Uns poucos ainda mantém esse seu lado vivo, mas a cada dia esse número se reduz em decorrência do que já se espera de um relacionamento. A todo momento se exige uma postura mais carpe diem, mais liberta de sentimentos, mais alheia ao romantismo.
Mas há quem diga que o romantismo não está morrendo, só se adaptando. O romântico do século XXI já fica (com poucas mulheres é verdade, mas fica), já não tem mais aquele sofrimento por amor, já defende que o sentimento é diverso da carne, que suas necessidades emocionais são diversas das suas necessidades físicas, e acha isso natural!!!
Permito-me discordar dos modernos. Vejo o beijo como um ato muito íntimo onde duas pessoas se compartilham com um gesto simplório mas repleto de uma cumplicidade singular. Vejo o amor como o sentimento que deve guiar a vida, que deve servir de base para nossos atos e nossos pensamentos. Vejo o dia como o período de tempo que me permite amar e ser amado. Vejo a vida como o palheiro em que passamos anos a procurar nosso amor.
O romantismo existe em nós, cabe somente a nós provar que ele não é uma coisa restrita a eras remotas muito menos uma mera fantasia juvenil que perderemos com o tempo. O romance está em nós e só em nós pode persistir.

28 agosto 2006

Mesmo estando em paz com nossa mente e conosco, sempre há alguém para tirar-nos a paz. Apesar de estarmos nos relacionando com uma outra pessoa, ainda há quem venha pertubar-nos a mente e o telefone. Inicialmente não nos incomodamos com isso, insistimos que pare, mas, e se o tempo mostrar-nos que a persistência traz frutos?
O que fazer com esses pensamentos inquietantes que ainda nos remetem a um breve passado que insiste em não sumir? É fraqueza não conseguir controlar meus devaneios? Posso me permitir trair em pensamentos?
Não, não posso aceitar que outra povoe minha mente, não consigo crer que meu coração esteja ligado a outra, não pretendo ser ator dos sonhos dela. Mas uma série de clichês, repletos de desculpas pré-fabricadas me empurram a esse caminho torpe que eu não pretendo seguir. Não pretendo ou não pretendia? Já nem sei mais.
Entretanto, o tempo me dirá, se posso domar meu coração, ou se serei domado por ele.

22 agosto 2006

Só Deus sabe quantas vezes mergulho no sono com a esperança de nunca mais despertar; e, pela manhã, quando arregalo os olhos e torno a ver o sol, sinto-me profundamente infeliz. Oh! Se eu pudesse mudar de humor, entregar-me ao tempo, a isto ou aquilo, ao insucesso de uma iniciativa qualquer, ao menos o fardo dos meus aborrecimentos não pesaria tanto. Que desgraçado que sou! Sinto-me perfeitamente o único culpado... Não, não sou culpado, mas é em mim que está a fonte de todos os meus males, como outrora a fonte de toda a minha felicidade. Não serei mais o homem que então nadava num mar de rosas, e a cada passo via surgir um paraíso, e cujo amor era capaz de abranger o mundo inteiro? Mas o coração que assim pulsava está morto, não produz mais os arrebatamentos de outros tempos; meus olhos, agora secos, não refrescam mais de lágrimas benfazejas, e a angústia abafa os meus sentidos, contrai e enruga a minha fronte. Aumenta o meu sofrimento verificar que perdi aquilo que fazia o encanto da minha vida: sagrada e tumultuosa força graças à qual podia criar mundos e mundos em torno de mim. Essa força não mais existe! Quando contemplo, da minha janela, o sol matutino rasgar a bruma sobre a colina distante, iluminando a campina silenciosa no fundo do vale, e vejo o riacho tranqüilo correndo para mim e serpenteando entre os salgueiros desfolhados, essa natureza me parece fria e inanimada como uma estampa colorida. Todos esses encantos não me podem fazer subir do coração ao cerébro a menor sensação de felicidade, e todo o meu ser permanece perante Deus como uma fonte estancada, como uma ânfora vazia! Quantas vezes caio de joelhos sobre a terra, implorando de Deus algumas lágrimas, como um semeador implora a chuva, se sobre a sua cabeça o céu de bronze e, em torno, a terra estala de sede.
Mas, ai de mim, não é a impetuosidadedas nossas preces que fará com que Deus conceda a chuva e o sol. E os tempos, de que sinto uma torturante saudade, só eram felizes porque pacientemente eu me confiava ao seu espírito e recebia de todo o coração, com um vivo reconhecimento, as delícias que ele derramava sobre mim.
Os sofrimentos do jovem Werther
Goeth

06 agosto 2006

Acreditava eu, poder mandar no amor. Acreditava que podíamos fazer escolhas lógicas e racionais para decidir de quem gostaríamos, quem amaríamos, quem escolheríamos para estar sempre conosco. E sempre tinha sido assim.
Mas ultimamente, a escolha mais óbvia não é mais aquela que me aparece no teto quando deito para não pensar em nada. A escolha racional não pertuba minha tranqüilidade naquela inquietação para narrar a última novidade do dia.
Minha logicidade foi abalada por algo que nem sei o que pode vir a ser, insisto em crer que passará, que basta eu dar tempo ao tempo que esses pensamentos sairão da minha mente, que eu poderei controlar meus sentimentos novamente, que um dia me livrarei dessa prisão psicológica que teima em tentar tirar meus alicerces.
Mas... não sei. Tudo é muito novo pra mim. É um mundo que ainda não conheço e que temo explorar.
Acreditava eu, poder mandar no amor.

01 agosto 2006

Para os que não conhecem, o paladino é um cavaleiro lendário, um campeão, um defensor da justiça e da nobreza. Isso pode parecer demodê ou até mesmo fantasioso, aos que pensarem assim, peço que me perdoem por ser antiquado.
O paladino moderno é aquele sujeito que se vê cercado por uma série de tentações e posturas que a sociedade já tem por normal, mas que ele por qualquer ideal de pureza que seja, não consegue aceitar e resiste, normalmente sozinho, em sua luta por um mundo mais correto.
O paladino moderno é aquele sujeito de mente forte e ideologias bem definidas, que anonimamente segue sua vida, tentando aperfeiçoar a sociedade servindo de modelo através de suas ações.
Mas pessoalmente, não pretendo ser modelo para ninguém, nem ter a audácia de dizer meu modo de ser é superior ao de qualquer pessoa. Tentarei apenas mostrar o quão difícil é ser um paladino hoje, e se possível, encontrar outros paladinos, que como eu, já pensaram em sujeitar-se a esse mundo corrompido por estar cansado de batalhar sozinho.