21 novembro 2006

Ficar sozinho não deveria ser tão ruim. Tenho mais tempo pra mim, posso dedicar-me a projetos esquecidos, estreito laços de amizades já quase perdidas, mas porque eu me sinto tão só?
Passo os dias fazendo coisas que planejava, mas que sempre adiava, estou quase sempre com algum amigo próximo, mas sempre que eu paro para pensar, me sinto só, sinto como se meus amigos não me fizessem companhia, que são estranhos que só ocupam um lugar ao meu lado, mas que, na verdade, estou abandonado.
Essa solidão aumenta no fim-de-semana, parece que o trabalho ajuda a esquecer, mas o domingo, maldito domingo, me faz pensar em como estou e como sou. Esse ciclo de sete dias me leva a refletir como ajo e como me engano. Mas ainda bem que existe a abençoada segunda-feira, que me fará esquecer de mim, me tomará pelo pulso aos problemas cotidianos fazendo-me esquecer do meu principal problema: a falta de um amor.
Mas a semana é boa comigo, me ilude com possíveis amores e eu mesmo faço com que esses amores me iludam, mas na verdade, o que eu quero realmente, é um amor pro meu fim-de-semana.

07 novembro 2006

Já não me reconheço. Diante das tempestades da paixão, o meu espírito é como um mar enfurecido. Se alguém pudesse surpreender a minha alma em tal situação, julgaria ver uma barca mergulhando a pique, no mar, como se, no seu terrível ímpeto, a sua rota marcasse o fundo do abismo. Não veria que, no cume do mastro, vigia um marinheiro. Forças impacientes, erguei-vos, ponde-vos em movimento; oh!, energias da paixão, ainda que o choque das vossas vagas conseguisse lançar a espuma até as nuvens, mesmo assim não seríeis capaz de vos erguer acima da minha cabeça; mantenho-me tranqüilo como o Rei das Falésias.
Diário de um sedutor
Sören Kierkegaard