07 novembro 2006

Já não me reconheço. Diante das tempestades da paixão, o meu espírito é como um mar enfurecido. Se alguém pudesse surpreender a minha alma em tal situação, julgaria ver uma barca mergulhando a pique, no mar, como se, no seu terrível ímpeto, a sua rota marcasse o fundo do abismo. Não veria que, no cume do mastro, vigia um marinheiro. Forças impacientes, erguei-vos, ponde-vos em movimento; oh!, energias da paixão, ainda que o choque das vossas vagas conseguisse lançar a espuma até as nuvens, mesmo assim não seríeis capaz de vos erguer acima da minha cabeça; mantenho-me tranqüilo como o Rei das Falésias.
Diário de um sedutor
Sören Kierkegaard

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