28 agosto 2006

Mesmo estando em paz com nossa mente e conosco, sempre há alguém para tirar-nos a paz. Apesar de estarmos nos relacionando com uma outra pessoa, ainda há quem venha pertubar-nos a mente e o telefone. Inicialmente não nos incomodamos com isso, insistimos que pare, mas, e se o tempo mostrar-nos que a persistência traz frutos?
O que fazer com esses pensamentos inquietantes que ainda nos remetem a um breve passado que insiste em não sumir? É fraqueza não conseguir controlar meus devaneios? Posso me permitir trair em pensamentos?
Não, não posso aceitar que outra povoe minha mente, não consigo crer que meu coração esteja ligado a outra, não pretendo ser ator dos sonhos dela. Mas uma série de clichês, repletos de desculpas pré-fabricadas me empurram a esse caminho torpe que eu não pretendo seguir. Não pretendo ou não pretendia? Já nem sei mais.
Entretanto, o tempo me dirá, se posso domar meu coração, ou se serei domado por ele.

22 agosto 2006

Só Deus sabe quantas vezes mergulho no sono com a esperança de nunca mais despertar; e, pela manhã, quando arregalo os olhos e torno a ver o sol, sinto-me profundamente infeliz. Oh! Se eu pudesse mudar de humor, entregar-me ao tempo, a isto ou aquilo, ao insucesso de uma iniciativa qualquer, ao menos o fardo dos meus aborrecimentos não pesaria tanto. Que desgraçado que sou! Sinto-me perfeitamente o único culpado... Não, não sou culpado, mas é em mim que está a fonte de todos os meus males, como outrora a fonte de toda a minha felicidade. Não serei mais o homem que então nadava num mar de rosas, e a cada passo via surgir um paraíso, e cujo amor era capaz de abranger o mundo inteiro? Mas o coração que assim pulsava está morto, não produz mais os arrebatamentos de outros tempos; meus olhos, agora secos, não refrescam mais de lágrimas benfazejas, e a angústia abafa os meus sentidos, contrai e enruga a minha fronte. Aumenta o meu sofrimento verificar que perdi aquilo que fazia o encanto da minha vida: sagrada e tumultuosa força graças à qual podia criar mundos e mundos em torno de mim. Essa força não mais existe! Quando contemplo, da minha janela, o sol matutino rasgar a bruma sobre a colina distante, iluminando a campina silenciosa no fundo do vale, e vejo o riacho tranqüilo correndo para mim e serpenteando entre os salgueiros desfolhados, essa natureza me parece fria e inanimada como uma estampa colorida. Todos esses encantos não me podem fazer subir do coração ao cerébro a menor sensação de felicidade, e todo o meu ser permanece perante Deus como uma fonte estancada, como uma ânfora vazia! Quantas vezes caio de joelhos sobre a terra, implorando de Deus algumas lágrimas, como um semeador implora a chuva, se sobre a sua cabeça o céu de bronze e, em torno, a terra estala de sede.
Mas, ai de mim, não é a impetuosidadedas nossas preces que fará com que Deus conceda a chuva e o sol. E os tempos, de que sinto uma torturante saudade, só eram felizes porque pacientemente eu me confiava ao seu espírito e recebia de todo o coração, com um vivo reconhecimento, as delícias que ele derramava sobre mim.
Os sofrimentos do jovem Werther
Goeth

06 agosto 2006

Acreditava eu, poder mandar no amor. Acreditava que podíamos fazer escolhas lógicas e racionais para decidir de quem gostaríamos, quem amaríamos, quem escolheríamos para estar sempre conosco. E sempre tinha sido assim.
Mas ultimamente, a escolha mais óbvia não é mais aquela que me aparece no teto quando deito para não pensar em nada. A escolha racional não pertuba minha tranqüilidade naquela inquietação para narrar a última novidade do dia.
Minha logicidade foi abalada por algo que nem sei o que pode vir a ser, insisto em crer que passará, que basta eu dar tempo ao tempo que esses pensamentos sairão da minha mente, que eu poderei controlar meus sentimentos novamente, que um dia me livrarei dessa prisão psicológica que teima em tentar tirar meus alicerces.
Mas... não sei. Tudo é muito novo pra mim. É um mundo que ainda não conheço e que temo explorar.
Acreditava eu, poder mandar no amor.

01 agosto 2006

Para os que não conhecem, o paladino é um cavaleiro lendário, um campeão, um defensor da justiça e da nobreza. Isso pode parecer demodê ou até mesmo fantasioso, aos que pensarem assim, peço que me perdoem por ser antiquado.
O paladino moderno é aquele sujeito que se vê cercado por uma série de tentações e posturas que a sociedade já tem por normal, mas que ele por qualquer ideal de pureza que seja, não consegue aceitar e resiste, normalmente sozinho, em sua luta por um mundo mais correto.
O paladino moderno é aquele sujeito de mente forte e ideologias bem definidas, que anonimamente segue sua vida, tentando aperfeiçoar a sociedade servindo de modelo através de suas ações.
Mas pessoalmente, não pretendo ser modelo para ninguém, nem ter a audácia de dizer meu modo de ser é superior ao de qualquer pessoa. Tentarei apenas mostrar o quão difícil é ser um paladino hoje, e se possível, encontrar outros paladinos, que como eu, já pensaram em sujeitar-se a esse mundo corrompido por estar cansado de batalhar sozinho.