Será que alguém lembrará de mim depois que eu morrer? Assim como César chorou aos pés da estátua de Alexandre na Espanha por ter desperdiçado sua vida sem ainda ter realizado nada com que a humanidade o lembrasse depois, eu me pergunto o que fiz para ser lembrado? Não precisa ser pela humanidade, mas pela pequena parcela dessa humanidade que eu toquei, o que eu fiz para ficar em suas memórias?
Paro para pensar e começo a recordar fatos que marcaram minha vida e dos protagonistas desses fatos. Alguns estão vivos em minha memória, outros, principalmente aqueles com os quais eu perdi contato, não passam de uma visão turva da qual não consigo nem ao menos delinear as feições.
Do mesmo modo que vejo que serei esquecido com facilidade, vejo que esqueci com facilidade. Me impressiona o fato de não conseguir nem ao menos lembrar características de pessoas que outrora me foram tão queridas, mas que o destino nos afastou e agora a memória me trai. Temo por acabar por me esquecer por completo deles, até do ponto em que fui tocado por eles. Quando isso ocorrer, se não já ocorreu com alguém de quem já nem me lembro mais, serei indigno de ter uma amizade.
Pode ser pura vaidade, ou até muita pretensão minha querer ser lembrado, mas sinto que, se não deixar minha marca no mundo será como se eu não tivesse passado por ele. O mundo é grande demais para uma única pessoa sozinha. O mundo é diferente demais para se impressionar com os atos de uma única pessoa. Mas se eu não conseguir ser inesquecível ao menos para as pessoas que compõem meu mundo, já serei invisível para a próxima geração, quanto mais para a eternidade.